Se eu pudesse dizer
O que nunca te direi
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei

Fernando Pessoa

domingo, 17 de julho de 2011

A Árvore da minha Vida

"Cada pessoa que passa em nossa vida é única. Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós.
Há os que levaram muito, mas não existe os que não deixaram nada.
Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente de que duas almas não se encontram por acaso"


É assim a amizade!

Em cada caminho percorrido cruzei-me com pessoas que me fizeram feliz pelo simples facto de existirem.

Outras percorreram durante algum tempo esse caminho , lado a lado, entre um passo e outro.

Outras ainda caminham comigo,vendo passar muitas luas, partilhando sonhos, desilusões, conquistas e derrotas.

A todas elas chamo: Amigos

Imagino a Árvore da Vida. Da minha vida!


O meu tronco, forte e robusto, inabalável na sua ânsia de vida é a minha família. Meu pai e minha mãe. Por eles existo! Foram eles que me deram vida e as ferramentas para me transformar naquilo que hoje sou.

As primeiras folhas, firmes e maleáveis são os meus irmãos. Com eles dividi o mesmo espaço para que pudessemos florescer juntos. Cresci com eles, amadureci com eles. Vivemos aventuras, perdemos batalhas e ganhamos guerras. Com eles conheci a palavra amizade.

Amizade de irmão, de sangue, de cumplicidade, de amor incondicional. Amizade da igualdade que nos une. Somos filhos do mesmo tronco. Projecções de sonhos imaginados e realizados.

Mas a árvore vai crescendo.

O destino apresenta outros amigos, os quais eu não sabía que iam cruzar o meu caminho. Muitos deles são amigos do peito, do coração. São sinceros, são verdadeiros. Sabem quando não estamos bem, sabem o que nos faz feliz...

São amigos cor de rosa que é a cor do coração, do amor, da doação. A cor da diferença que o rosa pode ter muitas cores.



Um dia um desses amigos do peito estala o nosso coração e passa a amigo enamorado.

Esse amigo que dá brilho aos nossos olhos, música aos nossos lábios, pulos aos nossos pés.

Esse amigo que muda de cor como o camaleão.

Uns dias é vermelho, pois é paixão. Outros é verde, pois cura até a maior das desilusões. É amarelo quando passa a ser o sol da nossa vida. Azul, laranja, violeta... assume as cores do arco-íris quando passamos de dois a um.


Com o passar do tempo, o Verão se vai e vem o Outono e a minha árvore perde folhas. São os amigos que perco pelo caminho, alguns mantêm-se perto do meu tronco, no chão, me alimentando com a sua fugaz presença, com a alegria de quem está de passagem. E só por isso sou feliz!

Mas a minha árvore tem folhas mais longínquas. São as pessoas que cruzaram a minha vida, entre um suspiro e um bater do coração. Ficam na ponta dos galhos e quando o vento sopra elas por vezes aparecem entre uma folha e outra. São os amigos distantes!

Só existe um tipo de amizade. A verdadeira. A segura.

A amizade que nos dá o apoio. Que nos dá colo.
Aquela que limpa as minhas lágrimas...quando choro.
A que está presente como uma pedra na minha construção.
A amizade que me levanta quando caio... de cansaço.
Aquela que ilumina a minha noite escura.
A que me ajuda a corrigir os meus erros... sem nunca julgar.

Amigo não é aquele que o diz  que é mas aquele que demonstra ser. É aquele que se faz presente pela palavra. Pela presença.

A minha Árvore da Vida tem uma infinidade de folhas. Algumas se perderam por não saberem partilhar este dom, pois a amizade só existe na partilha, na doação, na troca.

É uma paleta de mil cores, pois quando dois corações se juntam podem pintar o mundo com as cores do arco-iris.

Cabe a cada um de nós escolher se queremos permanecer na Árvore ou não, partilhando a nossa Essência, a nossa Alma. Ou se queremos ser uma fugaz passagem, na trilha de um caminho inacabado.



Mas como podemos escolher? Que opções temos?
Não será a Vida feita de constantes escolhas?


Imagino uma batalha, em tempos remotos.
 
Imagino que tenho 5000 soldados.
E imagino também que o outro tem 5000 soldados também.
Posso fazer duas coisas:
  • Ou atacar – e pelo facto de termos o mesmo número de soldados, a batalha poder ser sangrenta e ter muitas baixas.
  • Ou ficar – e, embora ganhando tempo, corro o risco de ser atacada –, sabendo que a força da defesa não tem a mesma assertividade do que a força do ataque.
Como escolher?
As duas opções têm prós e contras.

  • Se escolho pelo ego, qualquer escolha que faça poderá virar-se contra mim, e causar prejuízos vãos.
  • Se escolher pela alma, por mais que ocorram contratempos, estes serão sempre professores na minha via de evolução.
Como escolher? O que é ego e o que é alma? Como saber?

Simples!

Coloco a minha consciência no meu peito. E fico.

Ponho os meus pensamentos no meu peito, e sinto.

Sinto uma das opções.

Como é que o meu peito fica? Alegre? Triste? Pesado?

Agora faço o oposto.

Sinto a outra opção.

E vejo como está o meu peito.

Tenho a certeza de que, assim, vou conseguir aceder à minha alma. Ela fala com o meu coração. E se eu promover a junção destes dois, poderei contar evoluir até ao fim dos meus dias.

Minhas escolhas serão as escolhas da minha alma, do meu coração.

As folhas escolhidas para embelezar a minha Árvore são os amigos do meu coração, da minha alma. São aqueles que comigo escolheram caminhar, partilhar, rir e chorar, sem falsos pudores, com sinceridade, gratidão... Com Amor!